Mensagem Final
   
   
 

 

 

 

 

 

 


Daniel Fangueiro (Grupo Castanho) - Brinde

O Dr. Francisco Pinto Balsemão irá ter aqui um Exame com estas Caras, com esta Visão, Expresso-lhe um brinde com a nossa gratidão por estar aqui connosco. Espero que goste. Um brinde a si. (PALMAS)

 

Carlos Coelho – Director UV

Obriga-me o protocolo a informar-vos que a pessoa que está ao meu lado, é o Dr. Francisco Pinto Balsemão. Tem como hobbies o golfe e a música, como comida preferida a mariscada. O seu animal preferido é o cão, que é o animal preferido da maior parte dos nossos convidados na Universidade de Verão, o livro que nos sugere é de Gabriel Garcia Marquez “Amor em tempo de cólera” , filme que nos sugere “2001 Odisseia no Espaço”, e a principal qualidade que aprecia nos outros – a lealdade.

O Dr. Balsemão dispensa apresentações. Foi Ministro duas vezes, foi Líder do nosso Partido, militante nº 1, fundador do PPD/PSD. Devo cometer a inconfidência de vos dizer que durante todos aqueles anos em que tive a felicidade em estar na JSD e de trabalhar com vários líderes do Partido, o Dr. Balsemão foi com quem nós mais gostámos de trabalhar.

Foi de todos os Presidentes do Partido que se cruzaram na altura que eu fiz militância na Jota o que mais apostou na Juventude, o que mais investiu na JSD, aquele que nos deu mais espaço de afirmação. E se mais razões não houvessem essa seria bastante para eu e a minha geração lhe estarmos muito gratos por aquilo que nos fez e proporcionou dentro do PSD.

Mas é verdade que hoje quando olhamos para o Dr. Balsemão, não olhamos apenas para aquele que foi nosso Líder e nosso Primeiro-Ministro. Não podemos esquecer o homem público que é hoje, designadamente pelas posições que tem no âmbito da comunicação social, como empresário.

E portanto, Senhor Dr. Francisco Pinto Balsemão, a pergunta que eu tenho o privilégio de lhe fazer para lançar o debate e lhe permitir a primeira intervenção, tem a ver exactamente com isso, raras pessoas como o Senhor tiveram dos dois lados da barricada, se é que posso colocar as coisas dessa forma. Há quem considere que a comunicação social é um novo poder e que a sociedade de informação em que vivemos gera novos poderes.

Esses poderes estão em conflito? Esses poderes anulam-se? Esses poderes substituem a legitimidade de uns e dos outros?

Há aqui muito para conversarmos e muito para analisarmos e temos o privilégio de ter alguém com a sua experiência, com o seu saber e, porque não dizê-lo, com a sua simpatia. (PALMAS)

 

Francisco Pinto Balsemão

Quero, antes de mais, dizer que gosto muito de estar aqui. Não digo isto por uma questão de obrigação, mas a iniciativa da Universidade de Verão é uma excelente iniciativa. Aprendi agora aqui à mesa como a organização está feita, como é que os grupos funcionam, sei que vão ter a simulação parlamentar na sexta-feira, e aí é que se vão evidenciar os futuros grandes valores políticos.

Mas além disso fizeram muito bem terem-se inscrito neste curso. É um curso positivo, bem organizado e que vos dará sempre qualquer coisa para vida. Gosto de ter sido convidado, entre outras pessoas, pelo meu grande amigo Carlos Coelho. E nestas palavras que ele disse, vocês ouviram como ele é meu amigo. E continua a ser, trabalhámos muito juntos e continuaremos a ser amigos para toda a vida.

Estamos essencialmente no âmbito da JSD, que é uma organização, para mim, e ainda há pouco tempo o repeti, é essencial para o nosso Partido. Não concebo o PSD sem a JSD. Um precisa do outro. Mais do que isso, nós não podemos dizer que a classe política tem vindo a baixar de nível, etc, e ao mesmo tempo não podemos criticar as juventudes por nelas existirem jovens que têm ambição política. É completamente contraditório.

Nós precisamos de ter uma juventude no nosso partido, para prepararmos uma carreira para todos aqueles que aspirem subir na vida política e a exercerem como uma profissão. É deste tipo de pessoas que o País precisa e não apenas o partido. Essa é outra razão importante por eu estar aqui com grande prazer.

Eu tenho aqui uma exposição preparada, mas estou a hesitar entre fazê-la ou responder já com base naquilo que o Carlos me perguntou. Ou fazer o resumo desta exposição e eventualmente suscitar perguntas vossas. Opto por responder já ao que o Carlos Coelho perguntou, recorrendo aos meus apontamentos, e procurar dar-vos uma visão daquilo que eu penso.

Eu acho que há um mal-estar dentro da sociedade democrática onde vivemos, entre os poderes políticos e os meios de comunicação social. E esse mal-estar existe sobretudo porque muita gente no poder vê os media como inimigos a abater ou como instrumentos a utilizar. Eu penso que não são nem uma coisa nem outra. Mas quem pensa assim, (e pensa mal) tem de propagar e eventualmente acreditar numa ideia pessimista dos media e do papel dos media em democracia. E essa visão pessimista assenta num conjunto de argumentos que nós mais ou menos conhecemos.

Diz-se que os grupos de media e seus proprietários “controlam” os conteúdos, controlam as notícias, controlam a opinião. E daí surge a teoria da conspiração: nós, media, estamos a conspirar contra determinados interesses, contra determinadas pessoas. Julgo que há quem pense que eu à segunda-feira reúno com a direcção do “Expresso” e dizemos “quem é que nós vamos tramar?”, e que todo o projecto do jornal se organiza em torno de “quem vamos tramar no sábado. (RISOS)

O que é completamente errado. Não é assim que acontece, pelo menos nos meios a estou ligado e nos quais, como sabem, tenho responsabilidades grandes.

Depois há também os dirigentes desportivos que acham que os jornalistas desportivos estão ao seu serviço e que os tratam bem ou mal conforme eles tratam bem ou mal os referidos clubes. E, com toda a paixão que está ligada ao futebol, há jornalistas desportivos que por dizerem determinadas verdades são postos à margem, o que me parece completamente errado, mas acontece. É aqui claramente a visão instrumental: quem não é do agrado não tem notícias.

O mesmo tipo de raciocínio têm vários grupos económicos que julgam que os meios estão para dizer bem deles ou para negociar aquilo que lhes interessa. E tentam aliciar ou comprar jornalistas... eu não digo que não consigam – e eu já vou vos falar de aliciamentos, que são em dinheiro, viagens, simpatias, férias, coisas desse tipo. E têm a grande arma da publicidade.

Neste momento um dos grandes grupos portugueses cortou a publicidade em todos os meios do grupo Impresa porque num artigo de opinião, um jornalista do “Expresso”, ousou dizer que esse grupo na actuação do seu “core business” tinha tido comportamentos muito pouco patrióticos num passado recente. E em resultado desta afirmação num artigo de opinião, completamente perceptível como artigo de opinião, esse grupo cortou todo o tipo de publicidade não só no “Expresso”, na “Visão”, na “SIC”, em todos os canais da SIC.

A imprensa inimiga, como instrumento. Esta história complica-se, esta visão pessimista, porque aparecem as chamadas agências de comunicação.

E o que são as Agências de Comunicação?

São empresas cujo objectivo é colocar notícias que interessem aos clientes, nos jornais, nas rádios, nas televisões, nas Internets, etc.

Algumas dessas agências de comunicação são poderosas. Eu digo, e não estou a exagerar, que às vezes tento colocar no “Expresso”, na “Visão, uma notícia pequena de algum amigo meu cuja empresa conseguiu um contrato, ou algo assim, e não consigo. As agências de comunicação conseguem.

Portanto há aqui algo que é estranho, mas existe. Sendo que as principais agências de comunicação têm vários clientes e actuam, entre outras maneiras, da seguinte: sabem que vai sair uma notícia que não agrada ao cliente X, e tentam calar essa notícia dizendo: “se não publicares essa, eu dou-te outra muito boa sobre o cliente Y”. E são pessoas que conhecem o que é bom e mau em termos noticiosos...

Os políticos funcionam da mesma maneira: as chamadas fontes, que dizem coisas e normalmente não são identificáveis, são outro problema com que se debate o jornalismo - o das fontes anónimas. Não existem fontes generosas: quando uma fonte dá uma informação ou é para travar outra ou é para conseguir qualquer coisa nessa informação ou noutra informação. “Eu dou-te esta mas tens de colocar aquela”.

Isto é complicado e mais complicado se pensarmos que existem jornalistas superficiais, que não estudam os dossiers até ao fim. E ainda se complicará mais, segundo esta visão pessimista, se pensarmos que há também a acusação, que em parte é verídica, da busca pelas audiências, seja dos jornais, das rádios, e das televisões, da Internet, que neste momento estão claramente na corrida pelas audiências. E essa corrida para as audiências prejudica a qualidade e afecta de certa maneira o produto informativo.

Tudo isto tem uma parte de verdade e acontece. Mas há também uma visão mais optimista e quero aqui transmiti-la. É a de que os proprietários e os directores gerais das empresas jornalísticas se preocupam sobretudo com os resultados e não se preocupam em estar em conspiração permanente. Até porque já foi demonstrado que os meios de comunicação que enveredam por esse caminho acabam por cair... já lá vamos, será mesmo na parte final.

Por outro lado, a busca das audiências não é automaticamente uma perda de qualidade. Pelo inquéritos que se fazem, pela maneira como se atende àquilo que os telespectadores, os ouvintes, os leitores pretendem, (e nós hoje em dia fazemos cada vez mais estudos qualitativos como fazemos estudos quantitativos), existe muita coisa que se tem corrigido.

Desses inquéritos resulta que as pessoas estão fartas de determinadas coisas e se calhar têm razão e uma das coisas, entre parêntesis (e é um parêntesis importante), é que estão fartas de política. E nós temos um estudo diário na televisão, temos minuto a minuto dos nossos jornais e podemos saber quando as pessoas mudam para determinado canal em função das notícias. Em muitos casos essas notícias são sobre política nacional, isso acontece cada vez mais.

Portanto não é obrigatório que os inquéritos de audiência sejam negativos. Vocês podem dizer: “mas normalmente é para agradar ao maior número e muitas é preciso nivelar por baixo para que o maior número acorra”.

É verdade. Mas eu também vos digo uma coisa: todos temos algo de seleccionador de futebol e de programador de televisão, e digo-vos - se a programação da SIC fosse feita pela maior parte dos aqui presentes se calhar a SIC estava falida. (RISOS)

E portanto nós temos de ter em conta a realidade. Quando nos dizem “eu só vejo a SIC Notícias” (orgulho-me muito da SIC Notícias), mas hoje em dia está na moda dizer isto: “na televisão só vejo a SIC Notícias”. Vocês estão a esquecer, vocês que querem ser políticos ou gostam de política, que a realidade nacional não é essa. A realidade nacional não é a das pessoas que só vêem SIC Notícias ou que gostam de dizer que só vêem a SIC Notícias. A realidade é completamente distinta.

Quando dizem que a SIC ou a TVI têm excesso de telenovelas, (continuam o produto mais apetecido), veja-se que a grande maioria dos portugueses chega a casa estafado, tem de tratar da casa, do jantar e dos filhos. Quando se senta finalmente no sofá para ter o seu momento de evasão prefere mil vezes uma telenovela bem feita a um programa cultural sobre a Segunda Guerra Mundial ou outro tema qualquer. E nós temos de compreender isso, como compreendemos os media.

Ainda nesta versão mais optimista diria que as novas tecnologias permitiram a criação de enormes grupos de comunicação, os tais novos poderes, mas também a proliferação (com algum contra balanço), do chamado “Micro Media”.

Hoje em dia é muito mais fácil fundar uma televisão, mas sem falar da televisão, é muito mais fácil fundar uma rádio, uma publicação, ter um site na Internet, fazer um “blog”. Hoje em dia, os produtores independentes de televisão e de cinema crescem a sua importância no mercado.

Portanto existe um certo pluralismo que, quanto a mim, nesta ultima década, tem sido mais assegurado por essa via.

Quanto aos jornalistas, não exageremos, existem jornalistas maus mas existem jornalistas bons. Existem jornalistas corruptos a sua grande maioria é impoluta. Acontece em qualquer profissão... há dentistas maus, há dentistas bons. Há advogados maus e bons. Há economistas maus e bons. Não podemos pensar que só há jornalistas maus, eles estão mais expostos, são mais visíveis. Eu acrescentaria que de um modo geral o nível de profissionalismo de jornalistas da nova geração é muito superior àquele que existia antes.

Existe um progresso, quer pelos cursos universitários existentes, quer porque acederam ao jornalismo pessoas muito diferentes que por vezes têm outros cursos que não são de jornalismo nem de comunicação social que conseguiram impor-se. Alguns deles como especialistas.

Sendo assim, (já estou quase a acabar), ainda acrescentaria que a imprensa em democracia é muito importante. Esse papel é o de denunciar todo um conjunto de escândalos, todo um conjunto de infracções às regras, que por vezes ficariam calados, às vezes, por conivência de vários poderes.

Cito-vos o caso do Watergate que é o mais universal e mais conhecido, cito o caso da Casa Pia que teve um efeito ricochete importante ao pôr a nu todas as deficiências do sistema judicial português. Mas além disso, todos os dias existem pequenos casos, pequenas notícias que corrigem injustiças... que vêm dizer o que está mal, torná-lo público, e levar quem de direito a actuar. Essa função é importante.

Por outro lado, é positivo sabermos que cada vez há mais gente informada, gente com acesso à informação. Umberto Eco tem uma teoria, pela qual eu alinho, com a qual eu estou de acordo, que diz: “quando o meio privilegiado de comunicação, além dos meios orais, era a escrita, apenas uma elite tinha acesso. Quando os meios de comunicação são a televisão (e agora a Internet) temos um conjunto mais alargado de pessoas com acesso”.

E nós todos os dias sabemos, muitas vezes em tempo real, o que está acontecer em Pequim, o que está a acontecer em Moscovo... esta tragédia das crianças, por exemplo, a horrível tragédia das crianças que acompanhámos de minuto a minuto, sabemos o que está acontecer no Iraque, acompanhámos as eleições americanas. E acompanhamos o que se passa no nosso País.

Julgo que isto é positivo, como também é positivo o facto de se cada vez mais aprofundar e especializar a existência de canais temáticos, a existência de Internet, como é evidente, a existência de publicações especializadas. Cada vez existem mais, até de rádios especializadas. Permitem-nos cada vez ir mais fundo na informação que queremos aceder. Ela está disponível, a Internet faz parte da vossa vida normal. O Carlos, que é mais novo que eu, e que não estudou com a Internet, sabe muito bem a dificuldade que era para fazer uma investigação. Hoje em dia, isso não é assim.

Significa também alguma universalização, quando há pouco vos dizia que tínhamos acesso a quase tudo o que se passa no Mundo, não é uma questão de quantidade, é uma questão de podermos compreender melhor, ou espantarmo-nos mais, ou indignarmo-nos mais com o que se passa no nosso planeta. Julgo que isso também é positivo.

E finalmente, a universalização não travou um acesso a outro tipo de informação local. Apareceram rádios locais, jornais locais de acesso gratuito. Existem canais de televisão locais existentes em muitos países e a própria Internet pode ser de âmbito local se assim entender quem editar a informação de um determinado site.

Logo a versão mais positiva é esta. Agora a conclusão é rápida e óbvia. O Mundo não é cor-de-rosa, não é branco, não é preto... é cinzento, depende do tom do cinzento. Mas o Mundo não é cor-de-rosa, por isso não vamos embarcar na primeira tese, mas também não vamos embarcar na segunda.

É importante acentuar a existência dos novos poderes, sendo que a democracia surge e floresce com a revolução industrial, onde a matéria-prima era o carvão e depois o petróleo. Vemos agora uma outra revolução – a da informação – em que a matéria-prima é precisamente a informação.

E esta matéria-prima que é muito mais fluida, não conhece fronteiras, é muito mais fácil de pôr a circular, criou uma nova organização da sociedade, muito mais em rede, muito menos em pirâmide em que as hierarquias e as instituições clássicas são cada vez menos respeitadas.

Com ela surgiram poderes que vão desde os grandes grupos financeiros, até grandes grupos de “media”, passando pelos grandes fundos americanos que investem triliões em todo o Mundo. E que realmente dentro do conceito de democracia herdada da revolução industrial, dificilmente são controláveis.

E se juntarmos a esses grandes centros de interesse legal, em princípio, toda a actuação de grupos criminosos que, (usando as mesmas tecnologias), actuam em todo o Mundo, (no caso dos cartéis da droga, das máfias), em temos de poder estamos em situação complicada.

Eu não vou aqui defender que a única maneira de travar isso é uma comunicação social livre. Entendo que este problema que eu estou a denunciar daria para uma longa conversa, é um problema que não está resolvido. Cada vez mais os governos nacionais não têm poderes... a soberania nacional está a desaparecer. No caso europeu a Europa ainda não está construída. E as próprias organizações internacionais – União Europeia e outras – não me parecem capazes de enfrentar a realidade destes novos poderes.

Só outro parêntesis: há relativamente pouco tempo o “Nouvel Observateur” (uma conceituada revista francesa), fez um inquérito aos seus leitores e perguntou quem era o homem mais poderoso do Mundo. A resposta não foi que era o Presidente dos Estados Unidos, nem o Presidente da Rússia, mas o Senhor Bill Gates.

Isto talvez ilustre melhor do que as minhas palavras anteriores. Num relatório publicado pelo Instituto Sá Carneiro – A Aposta no Homem – em que um dos principais contribuidores foi o Eng.º Carlos Pimenta, (que já esteve aqui ontem), dizíamos que a circulação da informação é hoje em dia uma importante forma de legitimação do poder. Isto quer dizer que quem exercer o poder legítimo mais ou menos visível, hoje em dia, tem dificuldade em escapar ao crivo, ao escrutínio permanente dos meios de comunicação.

Eu acho que isso é importante, não só na política mas também no poder económico, desportivo, cultural e qualquer tipo de poder.

Um Primeiro-Ministro tem de estar preparado. Ele não pode fugir, põem-lhe o microfone ao pé da boca e ele tem de responder às perguntas sobre o debate do aborto, seja sobre a visita que terá acabado de fazer ao Brasil, mas tem de responder.

Eu neste momento, como Presidente da Impresa, muitas vezes vou fazer conferências sobre estratégias da comunicação social ou outros assuntos, também falo sobre outros assuntos, felizmente, e há uma jornalista de um jornal económico que me fala sobre a cotação na bolsa da Impresa - eu tenho de responder.

Portanto eu, Presidente do Conselho de Administração de uma empresa cotada na Bolsa, já não posso limitar-me a ir uma vez por ano à Assembleia-geral prestar contas aos accionistas. O Presidente da Câmara, o Chefe de Oposição, o Deputado europeu, o Líder da Jota, seja quem for, tem de estar preparado. Eu acho que isso é bom, é positivo, acho que é uma forma (talvez insuficiente) de controlar os poderes clássicos e os novos poderes.

Claro que tem muitos defeitos, muitas vezes as perguntas são tontas, por vezes pedem-nos para dizer num minuto o que pensamos sobre a política agrícola comum. É claro que muitas vezes as pessoas que são interrogadas não estão preparadas, esse é o outro lado da questão que eu queria aqui acentuar e que é muito importante.

Esta espectacularização da política é de certo modo uma falsa questão porque ela sempre existiu. Em Roma, num anfiteatro, os grandes tribunos eram grandes tributos porque davam espectáculo, porque sabiam entoar, porque sabiam usar os gestos. Quando apareceu o megafone, quem o soube usar melhor teve vantagens sobre os que não o souberam. Ou quando apareceram os microfones...

Há pessoas com um talento enorme de se chegaram à frente e falarem baixinho (O ORADOR BAIXOU O TOM DE VOZ) e produzem um silêncio e de voltar para trás (O ORADOR ELEVOU O TOM DE VOZ). Tudo isto são utilizações de técnicas e hoje em dia essas técnicas evoluíram.

(OUVE-SE O TOQUE DO TELEMÓVEL DO ORADOR) Olhem, cá está a técnica a tocar... (RISOS)

(O ORADOR ATENDE O TELEMÓVEL) Peço imensas desculpas, mas vou desligar. Agora não posso, estou a fazer um discurso. (RISOS E PALMAS).

Como viram acabei de prestar contas. Acabei de prestar contas e tive de dizer que não podia atender porque estava a fazer um discurso.

Quem exerce o poder, e repito que não são só os políticos, também os presidentes dos clubes, as figuras da cultura, qualquer entidade pública... (até a Lili Caneças), tem de estar preparado para o escrutínio da comunicação social. E esse escrutínio, com todos os defeitos que eu apontei, penso que é importante, mas para isso os políticos têm de estar preparados. Penso que vocês vão falar disso aqui e utilizá-lo da melhor maneira.

O Dr. Pedro Santana Lopes é das pessoas que melhor utiliza a televisão. Tem um talento na televisão que foi melhorando. Tem uma voz boa, fala pouco, tem frases curtas, diz exactamente o que quer na primeira resposta, não se perde porque já sabe que aquilo é editado. Quem sabe usar os meios técnicos postos à sua disposição em cada momento da evolução tecnológica tem vantagens (o Demóstenes andava com seixos da praia para falar melhor, era a técnica que ele recorria. Se calhar falava melhor que os outros).

Pelo lado dos meios de comunicação este papel é importante mas a pergunta é a seguinte: Quem controla os media?

Se os media estão aqui a ser erigidos por mim em factores importantes de legitimação do poder, quem é o poder que legitima os media para ser um factor de controlo e legitimação do poder.

Aí a resposta é mais complicada. Mas eu diria o seguinte:

Primeiro lugar, para o exercício da profissão de jornalista, e aqui incluo não só o jornalismo mas a programação, existem regras. Regras profissionais como existem regras para os advogados, para os veterinários, para os médicos... regras. Há auto-regulação. Na SIC temos um código de conduta jornalístico, com sanções... leves mas com sanções. No Expresso temos um código de conduta jornalístico, às vezes é infringido, mas temos regras.

Além disso, a própria lei portuguesa cria mecanismos de auto-regulação: os Conselhos de Redacção são uma auto-regulação, os Estatutos Editoriais que todas as publicações, rádios, televisões, canais temáticos, sites informativos, todos esses meios de informação têm de ter. Nem sempre isso é aproveitado, mas existe.

Eu diria também que o outro factor de controlo da comunicação social é o público – o público leitor, o público ouvinte, o público espectador. O público já fechou jornais, já fechou canais de televisão. Rejeitam um filme e o mesmo não é visto nem no cinema nem na televisão, o público rejeita uma peça de teatro, rejeita um livro. Não venham dizer que o público é manipulado pelo marketing, porque temos visto no cinema filmes a serem realizados com verbas fabulosas investidas em marketing, sobretudo os americanos que investem imenso, e bem, nos seus audiovisuais e filmes, que são flops nas bilheteiras. E as mesmas verbas que são investidas noutros filmes que se tornam grandes êxitos memoráveis e perduráveis.

Não venham dizer que o público é estúpido porque ele sabe perfeitamente o que faz. E nós temos casos em Portugal de publicações que, por terem errado, foram castigadas.

Dou-vos como exemplo o semanário “O Jornal” que foi grande concorrente do Expresso durante 4/5 anos: numa determinada altura enveredou por ser grande apoiante do General Eanes. A primeira página, toda a construção do jornal, era realizada para apoiar a figura do General Eanes e tramar todos os que lhe fizessem sombra. O público leitor desse jornal entendeu. E o jornal já não existe... é tão simples como isto.

Tenho a maior confiança no público por isso acho importante fazer inquéritos aos nossos leitores e espectadores, saber o que eles pensam. Acima de tudo o público é um factor de controlo dos meios de comunicação social.

Para concluir, a parte boa e a parte má, (sobretudo a parte boa) só funcionam em democracia. Em democracia temos liberdade de expressão. Eu digo isto com bastante calor, com bastante sentimento, sendo um bocadinho mais velho que vocês, tive 10 anos da minha actividade profissional com censura, trabalhei como jornalista em censura e digo-vos: é uma experiência que espero nunca mais repetir.

Digo-vos também com sentimento porque vocês já nasceram todos com liberdade de informação instalada e garantida. É preciso sempre lutar por ela, mesmo nas democracias, porque há muitos desvios. Mas é bom também não esquecer que grande parte do Mundo não vive com liberdade de expressão, basta pensarmos na China, na maior parte do Continente Africano, já para não falar na Rússia em que a liberdade de expressão, como já percebemos, é muito relativa e cada vez mais relativa, o que é muito preocupante.

Por isso concluo com estes dois pensamentos: lembrem-se que já houve censura. Pensem que continua a não haver liberdade de expressão em países do Mundo. Portanto gozem, beneficiem e aperfeiçoem da liberdade que nós temos em Portugal, porque precisamente somos uma democracia.

Agora estou à vossa disposição. (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Muito obrigado Dr. Balsemão pela intervenção e pela referência aos valores. O Dr. Balsemão falou nos novos meios e isso dá-me um pretexto para dizer que os impressos que receberam são exactamente um meio para aumentarmos a interactividade da nossa Universidade de Verão.

Amanhã dar-vos-ei mais informações sobre grande parte das vossas sugestões a que possamos responder, algumas dessas sugestões tinham a ver com a utilização da nossa intranet para a criação de fóruns e votações. (PALMAS).

Para não falsearmos nem os debates nem as votações, cada um tem um login e uma password que lhe permite aceder à nossa intranet e autenticar a origem das vossas posições, a fim de permitir que não haja repetições de posições nas vossas votações. Podem realizar os fóruns de debates que quiserem, assim que abrem os fóruns o computador vai pedir-vos o vosso “user name”, têm uma lista não precisam de digitar, basta apenas seleccionarem o vosso nome, o computador é inteligente e conhece-vos. De seguida colocam a vossa password para autenticarem que são vocês e não outros a usarem a vossa identificação.

Vamos agora entrar na fase de debate.

E do grupo castanho, que saudou o Dr. Balsemão com o brinde inicial, tem a palavra o Daniel Leite.

 

Daniel Leite

Boa noite Dr. Dr. Francisco Pinto Balsemão, queria agradecer-lhe em primeiro lugar o facto de ter aceite o convite da Universidade de Verão. O Dr. não imagina o quanto de gratificante é para nós, como experiência, ter uma pessoa com a bagagem económica e política à nossa frente. (RISOS E PALMAS).

E queria aqui deixar duas perguntas. Uma em tom provocatório outra em tom mais sério. A primeira era onde estava o Dr. Francisco Pinto Balsemão no dia 25 de Abril de 1974? (RISOS)

A segunda em tom mais sério, o Dr. Francisco Pinto Balsemão acredita em nós? Acredita na geração Portugal? Obrigado. (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Do grupo azul, o Nuno Sousa.

 

Nuno Sousa

Muito boa noite. Aproveito para dar as boas vindas à Universidade de Verão e o grupo azul preparou aqui algumas perguntas e algumas dúvidas que tem e sobre o que pensa de Portugal e do Partido.

Só uma introdução para agradecer, em nome de todos, a simpatia que teve em mostrar publicamente a sua admiração pela JSD. Infelizmente muita gente da sua geração não pensa da mesma forma. Por isso alguns estão a jantar com 100 pessoas e outros estão sozinhos no seu canto a ler 2 ou 3 mil livros. (PALMAS)

Mas lá está: tudo é comunicação, como disse há pouco. Passando às perguntas, e porque é um homem que começou na comunicação, passou pela política, e voltou à comunicação sob a forma de um empresário de sucesso, (um empresário de referência, em Portugal e na União Europeia), aproveito para uma pequena provocação, em tom de pergunta.

Disse há instantes que, se calhar, as pessoas que aqui estão gostam mais de um documentário da SIC Notícias mas que o grosso do povo português prefere as telenovelas, por muito boa que ela seja.

Eu queria transportar-me um pouco para a política. Há uns anos atrás a política era feita de causas, era feita de projectos sérios, de construir um Portugal melhor. Muitas vezes criticam os jovens de hoje por não terem causas, por não terem valores, por viverem o dia-a-dia, por andarem a tapar buracos. Quando é que passamos a ser um país de desígnios? Daqui a 10 ou 20 anos Portugal será um país de referência quer na educação, quer no turismo, quer na indústria pesada, quer nas tecnologias de ponta?

Parece que nestes últimos anos (e critico um pouco o nosso partido), se anda a governar pelas sondagens e pelos inquéritos e menos pelas causas e pelas convicções. E penso que é isso que falha. O problema é de quem está no governo e não desta nova geração. Eu e o grupo azul defendemos que Portugal tem de ser um país de causas e não gerir o Pais, e peço desculpa a quem está à frente da comunicação social, como sendo uma empresa.

Muito obrigada. (PALMAS)

 

Francisco Pinto Balsemão

Onde é que eu estava no 25 de Abril? Estava em casa, houve um amigo meu (que era um pouco noctívago) que me telefonou, eu liguei a umas 3 ou 4 pessoas, entre as quais o Prof. Marcelo Rebelo de Sousa, cujo pai era Ministro e eu presumi que ele precisava de saber rapidamente o que estava a acontecer, (e ele trabalhava no Expresso na altura).

Depois parti para Lisboa. Como me contaram que era no Terreiro do Paço que as coisas estavam a acontecer, fui até lá. Estavam lá militares, alguns muito jovens, e eu quis passar e veio um tenente que disse aos outros: “deixem-no passar que este é um dos nossos”. E eu fiquei satisfeito (RISOS).

Aí fui para o Expresso onde tive visitas muito surpreendentes, ou contraditórias, desde o actual Presidente da República, cujo escritório era na Rua Duque de Palmela, até ao Senhor Manuel Bulhosa, que era um dos maiores capitalistas do regime mas que era uma jóia de pessoa. Passou por ali uma romaria de pessoas todas a quererem saber o que estava a acontecer.

Começámos a preparar a edição de sábado. Como era uma quinta-feira, ainda pensámos fazer uma edição antecipada, mas estava ainda tudo muito confuso e não fazíamos ainda ideia da distribuição. Por isso começámos a preparar a edição de sábado. E foi assim que passei o meu 25 de Abril.

Quanto à sua outra pergunta, que se liga um pouco com a do Nuno Sousa no que toca aos desígnios, eu acho que a vossa geração tem uma responsabilidade enorme. Vocês que aqui estão têm entre os 16 e os 30 anos: é uma geração que está a entrar na vida, no mercado de trabalho, mas também nas responsabilidades sociais que todos temos. E eu acho que as gerações um pouco mais velhas que a vossa – isto é uma crítica – se têm preocupado sobretudo com os aspectos materiais, com a carreira, com o dinheiros, comprar casa, comprar a segunda casa, com o carro, ou mudar de carro, etc, do que procurar contribuir para a sociedade.

A minha postura nunca foi essa. Talvez isso se deva ao facto de ter nascido numa família mais ou menos abastada e por isso sempre senti mais obrigações de participar.

E por isso, quanto a mim, a vossa geração vai ter de intervir, sob pena de enfrentar as consequências. E intervir politicamente. Isso não quer dizer que terão todos de ser Deputados, Ministros ou Autarcas. Há outras maneiras de intervir, que eu acho igualmente meritórias, que têm a ver com a sociedade civil. E a sociedade civil empurra a sociedade em geral e o Poder político a fazer determinadas coisas.

Sobre os desígnios, eu acho que hoje faltam causas, faltam desígnios! Talvez fosse mais fácil, por exemplo, no tempo em que eu fui Primeiro-Ministro, porque aí o desígnio era termos democracia em Portugal, e os desígnios eram acabar com o Conselho da Revolução, rever a Constituição, entrar na UE, estudar e negociar os dossiers e chegar ao ponto do não retorno. E isso conseguiu-se no meu tempo.

Mas foi preciso ter desígnios. Neste momento, eu acho que o desígnio deve ser uma integração muito maior da e na Europa. Outro é certamente o Pacto de Regime em determinados assuntos, como o da Justiça, como o propôs o Dr. Santana Lopes. Eu próprio o havia também proposto na Câmara Municipal do Porto que organizou uma séria de Conferências com antigos e os actuais Primeiros-Ministros e Presidentes da República. Até porque se a Justiça funcionar, há muita outra coisa que começa a funcionar. A impunidade acaba! Nós não podemos aceitar que os médicos passem atestados falsos, os professores a não irem às aulas, os automobilistas que assassinam pessoas na Av. Infante Santo, que nem sequer estão presos nem julgados, (como sabem os que lerem o último Expresso).

Sobre essa matéria, já o disse anteriormente, o Presidente da República não pode instituir esse Pacto, mas tem um poder federador muito importante, tem essa legitimidade porque foi eleito. O Presidente da República poderia ter um papel muito importante para que esse Pacto avançasse.

Portanto, dou-lhe toda a razão quando fala da falta de desígnios. E mesmo numa empresa (sobretudo de comunicação social) tem de haver desígnios. Tem de haver a assumpção de uma responsabilidade social e de desígnios estratégicos: há pouco falávamos aqui na mesa na importância crescente dos conteúdos porque cada vez há mais plataforma de distribuição dos conteúdos. Por exemplo: eu posso fazer uma notícia desta sessão e passá-la na SIC generalista, na SIC Notícias, se houver uma parte for um pouco mais ousada, passo na SIC Radical (RISOS), vou passar nos aviões da TAP com quem firmámos contrato, nos centros comerciais da SONAE através da SIC Indoor, e vou passar um pequeno vídeo na SIC Online!

E o nosso desígnio agora é criar conteúdos cada um com o seu tratamento, com o seu impacto e distribui-los pelas várias plataformas disponíveis. É algo interessantíssimos porque nos permite chegar a vários lados. Sobretudo aos telemóveis de 3ª geração que já vão comportar imagens em movimento.

Portanto, temos de ter um sonho, uma ambição, e definirmos minimamente em concreto essa ambição.

Há pouco aqui na mesa perguntavam-me se eu ainda tinha sonhos: eu tenho sonhos todos os dias! No caminho para aqui, vinha a ler no carro o plano a 3 anos para o meu Grupo. Se não for assim não vale a pena. Já não é apenas uma forma de estar na política é uma forma de estar na vida. (PALMAS).

 

Rita Oliveira

O Dr. Balsemão disse-nos que a Comunicação Social tem como função vigiar os restantes poderes.

A nossa pergunta é a seguinte: será que esse vigiar não está a ser levado ao extremo? Isso não poderá degradar a própria política?

A desenfreada procura de escândalos deixa de ser uma busca para denunciar as injustiças e passa a ser apenas uma questão de entretenimento.

Uma outra questão, em tom de provocação: revê-se mais na AD que fundou com Francisco Sá Carneiro e Freitas do Amaral, ou na actual (RISOS).

 

Margarida Fernandes (Grupo Rosa)

O Grupo dá-lhe as boas noites. A nossa pergunta é a seguinte: segundo algumas fontes, o Dr. Balsemão terá em tempos afirmado que a SIC poderia vender um Presidente. Assim, qual é a sua opinião sobre a influência dos media e também sobre a manipulação que pode ser feita por uma televisão, por exemplo, na escolha de um titular de um cargo político.

 

Francisco Pinto Balsemão

Acerca da questão levantada pela Rita Oliveira, devo dizer que ela foca uma matéria negativa dos media. É uma situação que tem sobretudo lugar nos países protestantes, anglo-saxónicos (não estou aqui a fazer qualquer profissão de fé como católico). É algo que acontece mais em países como Inglaterra e Estados Unidos, onde há uma verdade caça à vida privada e à intimidade das figuras públicas.

Isso choca-me. Mas apesar de haver o 24 Horas e as revistas de sociedade, isso não acontece tanto entre nós. A imprensa do Sul da Europa encara a vida privada de outra forma. Mitterrand teve uma filha fora do casamento e toda a gente o soube durante anos. Nunca apareceu nada. Só apareceu quando ele quis, quando sabia que ia morrer e quis que ela aparecesse. Muita gente presume saber que o Rei de Espanha tem as suas aventuras: são vagamente referidas mas não acontece nada. Claro que depois há outro tipo de personalidades. E há quem diga que aqui o nosso Dr. Soares, também faz das suas. (RISOS)

Não acontece nada. Aqui temos toda uma tradição de não entrar na vida privada das pessoas. Eu acho que isso é que está certo. Haverá excepções. Terá havido casos de exagero, mesmo em Portugal. Mas, por exemplo, quando a mulher do Eng. Guterres faleceu, houve um enorme recato por parte de todos os meios de comunicação social, sem ter sido necessário qualquer acordo. Foi uma coisa tácita. Por outro lado, nos Estados Unidos, há muita gente que não quer ir para a política com medo que lhe descubram qualquer escândalo anterior. E o caso Clinton é paradigmático. Um excelente presidente que podia ter sido destruído (hoje em dia está na mó de cima), por um assunto que, para além de ser da vida privada, não parece ter tido muita importância nem na vida dele nem na maneira como exerceu a presidência dos Estados Unidos. Como é que isso se evita? Eu acho que se evita, mais uma vez com os tribunais a funcionar. Porque há limites para tudo. Nenhuma liberdade pode ser abusada, nem a liberdade de imprensa. Nós em Portugal, (sem querer mudar de assunto), temos o problema do segredo de justiça. Não se insere tanto no tema que estava a focar mas está ligado. No caso da Casa Pia também houve abusos, com várias publicações e televisões que se excederam – sem qualquer necessidade. Embora, quanto a mim, o balanço do caso da Casa Pia é amplamente positivo a favor dos meios de comunicação portugueses: sem eles o caso Casa Pia continuaria enterrado. Posso-lhe garantir que ninguém tinha vontade de mexer nele. Mas o segredo de justiça é um problema que não está resolvido. Vocês falaram aqui muito em mim como empresário, mas eu continuo a sentir-me acima de tudo como jornalista e, talvez falando contra o meu lado jornalístico, eu e muitos jornalistas entendemos que deve haver algum limite à maneira como as coisas correm em Portugal. Não sei se sabem como é que é. É muito simples: se alguém me vem contar algo que está em segredo de justiça e se eu não transcrever o processo, e nem lhe fizer referência, eu posso publicar o que quiser. Isto porque o jornalista não é abrangido pelo segredo de justiça, o que é errado. Por outro lado, o período em que as coisas estão em segredo de justiça devia ser muito mais reduzido. E devia haver casos em que não haveria segredo de justiça.

Mas também há depois pessoas que se põem a jeito. Há pessoas que gostam de aparecer. Há pessoas que telefonam a dizer: “Vou-me divorciar do meu marido daqui a cinco minutos. Vocês se aparecerem podem tirar umas fotografias” (RISOS). Nestas situações é um bocadinho mais difícil de evitar a tentação de fotografar, até porque se vendem as revistas del corazon como dizem os espanhóis. Bom, vou deixar a AD para o fim, que é mais... (RISOS)

A frase “nós vendemos pasta de dentes e vendemos um presidente”, (acho que a frase completa era esta), não foi dita por mim, mas sim pelo então director de programas da SIC, Dr. Emídio Rangel. Mas eu devo dizer, em abono da verdade e em defesa dele, que foi dita num contexto que não tem nada a ver com uma entrevista ou uma declaração pública. Nós, por instigação dele e por impulso dele, deixámos uma equipa de televisão estrangeira andar meses na SIC a filmar tudo o que acontecia para depois fazerem uma reportagem que acabou por sair no canal franco-alemão Arte. A reportagem acabou por ser usada a favor das empresas de serviço público de televisão e contra as privadas. Numa reunião que eles estavam a filmar, de entre muitas que filmarem, o Dr. Rangel terá dito (ele nunca o negou): “Ah, nós somos fantásticos. Nós vendemos pastas de dentes e vendemos o Presidente da República”. Porém, é preciso saber em que termos é que isso foi dito. Não me parece que seja assim muito grave, nem nunca, (como eu disse ao princípio), tentámos ou pretendemos vender um Presidente da República. Não é essa a nossa maneira de estar. E eu acho que se os projectos jornalísticos deixam de ser jornalísticos, o público, que é inteligente, acaba por condená-los.

Sobre a AD, desde há 20 anos e agora, onde eu me sinto bem é no PSD. Aí é que eu me sinto bem (PALMAS). Portanto, nada de confusões (PALMAS). Numa altura como na outra, e por razões diferentes e em circunstâncias muito diferentes, (talvez razões mais fortes há 20 anos), foi reconhecida a necessidade de uma aliança.

Quando a questão se voltou a colocar, a partir do momento em que o Partido decidiu que sim (e eu não fui dos mais entusiastas, como se soube publicamente), nós temos de ser democratas.

Podemos não gostar, podemos estar mais reticentes, mas a partir do momento em que o Partido diz que sim, ou saímos do Partido, ou pedimos a suspensão, ou então temos de colaborar naquilo que o Partido decidiu. Não podemos ser colaborantes apenas quando as decisões são as que nós pretendemos. Acho que neste momento, as razões foram diferentes e talvez menos fortes, menos prementes do que as de há 20 anos (lembremo-nos que estávamos num regime ainda a caminho para a democracia, com o poder militar constitucionalmente a funcionar, onde o Tribunal Constitucional era o Conselho da Revolução, este era o órgão legislativo único para toda a instituição militar, etc). Eram circunstâncias diferentes. Agora é assim e enquanto é assim tem de ser assim. E nas próximas eleições será necessário decidir se continua a ser assim. O barco do aborto foi um sinal interessante sobre como é e como não é. E sobre isso mais não digo. (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Grupo Amarelo - Helena Coelho

 

Helena Coelho

Dr. Pinto Balsemão, boa noite. Em nome do Grupo Amarelo quero dar-lhe as boas vindas a esta Universidade de Verão 2004. A questão que eu lhe quero colocar é sobre o que escreveu um grande senhor falecido há muitos, muitos anos (António Quadros) acerca de três liberdades essenciais ao ser humano. Em qualquer sociedade que ele viva. A liberdade de pensamento, a liberdade de expressão e a liberdade de comunicação. E o que nós gostaríamos de saber é: de que forma é que os media hoje em dia estão a pôr em causa essas três liberdades. Obrigada. (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Do grupo Verde tenho aqui o Miguel Corte Real. Espero que seja um bom sinal, que ele já esteja recuperado. (RISOS)

 

Miguel Corte Real

Boa noite. Queria dar, em nome do Grupo Verde, uma boa noite ao Dr. Balsemão, à Mesa e aos restantes companheiros na sala. Todos vão ter de concordar comigo quando eu digo que é uma figura mediática. Alguns chamam-lhe o “senhor imprensa”, por ter uma forte ligação com a imprensa. E a minha questão é esta: será que está acorrentado ao jornalismo ou se, às duas por três, ainda dá um saltinho por Belém? (RISOS E PALMAS)

 

Jorge Nuno Sá

Uma boa pergunta, uma boa pergunta

 

Francisco Pinto Balsemão

Usando a minha liberdade de pensamento, (RISOS) e a minha liberdade de expressão e tendo eu a oportunidade de usar também a minha liberdade de comunicação, para pegar na trilogia do António Quadros, (de quem eu era muito amigo), eu diria que, em primeiro lugar em política não há reforma. Em segundo lugar, acho que nosso partido tem dois, três ou quatro candidatos excelentes e portanto não precisarão de mim certamente (PALMAS).

 

Carlos Coelho

Pelo Grupo Bege, Ana Miguel.

 

Ana Miguel

Eu não vou agradecer a sua presença, porque já foi feito pelos restantes grupos, pelo que começo já com a nossa pergunta. Uma vez que foi Primeiro-Ministro, num processo idêntico ao do actual Primeiro-Ministro, eu gostaria de saber como é que analisa o facto de se ter posto em causa a legitimidade política da nomeação do nosso Primeiro-Ministro. Concorda com o nosso ponto de vista, segundo o qual se o mesmo tivesse acontecido noutro país da UE o processo seria considerado natural? A que se dever isto? Aos media? A uma oposição sem conteúdo verdadeiramente político? Ou a ambas? (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Grupo Laranja, Nuno Félix

 

Nuno Félix

Antes de mais boa noite. Falou-nos de um mal-estar entre poderes. Se me permite, gostava de recordar as suas palavras numa conferência em Março de 2004. Versando sobre um outro problema do país, (a necessidade de ruptura com o conservadorismo e a impunidade), referiu que “O 25 de Abril valeu a pena, foi bom e positivo embora esteja na moda atribuir-lhe as dificuldades actuais. E isso não surge apenas por parte de alguma direita mais saudosista mas também de sectores crescentes da sociedade civil e da juventude que comodamente atiram para o passado as culpas da sua incapacidade e do seu comodismo de não actuarem civicamente”. Aquilo que lhe pedimos é que, face a esta Universidade de Verão e a este grupo de jovens, nos dissesse se acredita nesta geração de tempos de mudança, nesta geração que não está face à revolução, mas face à evolução do país. Se a dada altura havia uma elite que tinha acesso à escrita, contrariamente à maioria da população, talvez hoje haja apenas uma elite que tem acesso à política. Não deverão também os meios de comunicação ter um papel não só de informação mas também de formação? Obrigado. (PALMAS)

 

Francisco Pinto Balsemão

Quanto à pergunta da Ana, sobre a legitimidade política eu não tenho qualquer dúvida que este processo de nomeação foi completamente democrático. Não apenas porque eu tive um processo semelhante (RISOS), o que ajuda, mas não é por isso. Infelizmente, no meu caso foi devido à morte do Dr. Sá Carneiro e em circunstâncias trágicas. É completamente diferente o que se vivia naquela altura. As coisas nunca se devem comparar. Eu acho que o pior que há é dizer que “no meu tempo, e no meu tempo, e no meu tempo, era outra coisa”. Mas a Constituição prevê e o Presidente da República, (a meu ver, bem) legitimou e optou por esta decisão. Aliás, eu fui uma das pessoas que ele chamou a Belém para ouvir e o que eu lhe disse foi exactamente o que vos estou a dizer aqui e agora. Não há qualquer razão para fazer eleições. É mau para o País, é mau para a credibilidade do sistema. Em minha opinião o processo foi completamente transparente e não há qualquer dúvida de que assim devia ser e foi.

No caso do conservadorismo e impunidade, etc., para já muito obrigado por ter feito o seu trabalho de casa e ter lido a bela prosa que acabou de citar (RISOS).

Como eu disse há pouco, a vossa geração tem realmente responsabilidades acrescidas e obrigações acrescidas. Não sei se isso é bom ou se é um pesado fardo. É com certeza, mas eu estou convencido que vão conseguir carregá-lo. Não só carregá-lo mas libertar-se dele para poderem andar para a frente. Encontrar um caminho, definir um caminho. A parte que citou tem, sobretudo, a ver com estas últimas comemorações, quando ouvi muita gente a dizer “Ah, se não tivesse havido o 25 de Abril”, eu acho que isso é um grande erro. Porque sem o 25 de Abril nós provavelmente não estávamos aqui a falar. Talvez estivéssemos, mas por força de ter havido um golpe mais tarde. Ora a Clara Ferreira Alves, que vem aqui falar-vos, tem um livro que eu li agora nas férias, chamado “Mala de senhora”. Um dos contos (escrito, salvo erro, para a revista comemorativa dos 25 anos do Expresso) é uma história em que tinha sido tudo ao contrário: o General Kaúlza de Arriaga tinha tomado conta do País, tínhamos vivido em ditadura até mil novecentos e tal (89 ou uma coisa assim), o País ia ter eleições pela primeira vez e estava num estado desgraçado. É uma alegoria, um conto simbólico, uma ficção política, o que lhe quiserem chamar. Mas penso que não é dizendo mal do 25 de Abril que se resolvem os problemas actuais. É olhando para eles e para o futuro. É isso que vocês vão fazer. Tenho a certeza que é isso que vocês vão fazer. (PALMAS).

 

Carlos Coelho

Bem chegamos ao último ciclo de perguntas. Eu aproveito este momento para agradecer uma vez mais ao nosso convidado pela sua vinda, a sua participação, a presença amiga. Sei que foi com algum sacrifício que arranjou o tempo na sua agenda para fazer esta viagem e para estar connosco. Estamos-lhe muito gratos por isso. Agradeço também a hospitalidade do Grupo Bege por nos ter recebido, a nós, Direcção da Universidade de Verão e ao Dr. Balsemão, na vossa mesa neste jantar conferência com o nosso militante nº 1. E para o último ciclo de perguntas dou a palavra à Joana Calado do Grupo Encarnado.

 

Joana Calado

Muito boa noite, Dr. Francisco Pinto Balsemão e a todos os restantes.

Dr. Francisco Pinto Balsemão, falou há pouco sobre a importância de termos visões e objectivos. A pergunta que o Grupo Encarnado lhe coloca é esta: até que ponto o país de hoje corresponde à sua visão para Portugal há 30 anos quando fundou o PPD/PSD. Boa noite. Obrigada. (PALMAS)

 

Carlos Coelho

Grupo Roxo, Ana Carla Ferreira

 

Ana Carla Ferreira

Boa noite a todos. Já agora uma pequena informação. Portugal está a ganhar 1-0. (PALMAS). Dr. Pinto Balsemão. Em nome do Grupo Roxo queríamos-lhe agradecer o facto de ter fundado o Partido Social Democrata em conjunto com o Dr. Francisco Sá Carneiro (PALMAS). Muito obrigada.

Como estudante de Ciências da Comunicação na Universidade Nova de Lisboa onde o Dr. Francisco Pinto Balsemão foi docente, devo dizer que quando soube que o senhor nos vinha honrar com a sua presença neste jantar ocorreu-me logo aquela canção do Sérgio Godinho, que dizia “arranja-me um emprego na tua empresa”. (RISOS E PALMAS) Cheira-me a dica. (PALMAS)

Agora um pouco mais sério. Não que o meu pedido de emprego não seja sério, mas... (PALMAS), qual seria, na sua opinião, a relação ideal entre os jornalistas e o Segredo de Justiça. Obrigada. (PALMAS).

 

Francisco Pinto Balsemão

Quanto ao emprego, depois fala comigo, está bem? (RISOS E PALMAS)

Eu há pouco já abordei esse tema do Segredo de Justiça. Acho que é preciso mexer no assunto. Não há razão para esta total impunidade do lado jornalístico. Acho, no entanto, que o período do segredo de justiça deve ser encurtado e que há casos em que não se justifica que haja segredo de justiça. O que acontece, (e lá estamos outra vez na generosidade das fontes), é que o que pinga para os jornais é o que interessa ao réu, é o que interessa ao Ministério Público e (às vezes) é o que interessa ao Juiz. E portanto vai pingando e os jornais vão recebendo. E vão utilizando. E muitas vezes não deviam utilizar porque é incompleto, outras vezes não deviam utilizar porque estão a pôr nomes e não deviam. Portanto há vários erros aí cometidos. Mas em termos gerais a “generosidade” das fontes é mais uma vez interesseira. As fontes são normalmente interesseiras. Por isso há que encontrar um sistema. Julgo que já há propostas úteis e construtivas nesse sentido. Eis um caso em que não percebo a razão de não se conseguir um acordo. Seria relativamente fácil e não se vai para a frente com isso. Quanto à visão do país há 30 anos e a visão agora. É muito complicado de responder. Naquela altura fundavam-se partidos da seguinte maneira: três amigos juntavam-se e diziam vamos fundar um partido. (RISOS)

Pintavam umas coisas nas paredes e o Partido estava fundado. E a razão porque não nos chamámos Partido Social Democrata desde o princípio, (penso que sabem), é porque já nas paredes tinham aparecido um Partido Social Democrata Cristão e um Partido Independente Social Democrata ou qualquer coisa assim. E nós achámos que isso ia dar uma enorme confusão e andámos doidos para arranjar outro nome. E foi num brainstorming com o Dr. Sá Carneiro no Porto, eu no meu gabinete com o Marcelo Rebelo de Sousa e com o escritor Ruben Andersen Leitão, (Ruben A.) que este teve uma ideia e diz: “Partido Popular Democrático”. E eu ao telefone digo: “Partido Popular Democrático”. E o Xico Sá Carneiro lá de cima diz: “Boa ideia, boa ideia, boa ideia”. E ficou. Foi assim. E depois com esses três senhores, juntámos em minha casa e fizemos um esboço dos primeiros princípios programáticos. A minha mulher bateu à máquina (RISOS): não havia computadores. Cada vez que havia um erro era preciso recomeçar. Papel químico e essas coisas todas. E marcámos uma conferência de imprensa. Nós tínhamos um capital político, como é evidente, que era o da ala liberal e portanto tínhamos credibilidade e anunciámos o Partido. Entretanto já tínhamos falado com grupos quer do Porto quer de Coimbra quer de outras áreas do país e logo a seguir fizemos uma reunião mais alargada da qual resultaram então os primeiros princípios programáticos. Foram levados ao I Congresso e daí surge o Programa do Partido. Esse I Congresso que foi puxado à esquerda. A grande discussão era se se nacionalizavam os bancos ou não, (RISOS)

O pêndulo, que tinha estado 40 anos à direita, foi completamente virado para a esquerda e só depois é que veio ao centro - como historicamente acontece sempre. Isso não tem nada de novo. Só que nós estávamos ali a viver cada momento. Portanto, a visão que eu tinha para o país há 30 anos era “Viva a democracia, vamos acabar com este regime de opressão e de favores e de privilégios”. A visão era muito mais à esquerda do que a que eu tenho agora. Isso devo dizer. Até porque nós, a dada altura, (e o Carlos Coelho já acompanhou isso), em parte, tivemos de o fazer para nos aguentarmos no balanço. Se não apanhávamos a onda do que estava a acontecer, ficávamos fora da carroça. Estou a falar em português muito clássico, mas era assim. Se não apanhávamos a onda éramos excluídos. Éramos rejeitados. Depois as coisas vieram mais para o centro: é que, a dada altura, tinham ido tão para a esquerda que nós tivemos que começar a puxá-las para a direita. Porque já era demais. Muito mais do que nós queríamos. Nós falávamos em co-gestão. E vinha toda a gente falar em auto gestão. Nós queríamos o Estado a controlar determinadas áreas da actividade económica fundamentais (nomeadamente através das nacionalizações – e foi o que aconteceu), e logo o Partido Socialista vinha falar em “colectivização total de todos os meios de produção e distribuição”.

Portanto é muito difícil dizer a visão que eu tinha para o país. Na altura era uma visão muito mais entusiástica, muito mais revolucionária do que aquela que tenho agora. Se estou desiludido? Na mesma conferência que vossa excelência me deu a honra de ter lido [REFERÊNCIA À INTERVENÇÃO DE NUNO FÉLIX, GRUPO LARANJA], (e espero que tenha lido toda, RISOS, que é bastante gordinha), eu faço uma referência rápida aos enormes progressos conseguidos em várias áreas.

Não apenas na política mas também na economia, no social e no cultural e na grande mudança de mentalidades que houve. Isso é que eu acho que foi umas grandes vitórias desta revolução e destes 30 anos. Mas também, como é evidente, eu critico um conjunto de coisas que foram acontecendo - algumas com a nossa complacência. Começando pelas nacionalizações, que foram logo em 75, que atrasaram a economia portuguesa, passando, como é evidente, pela descolonização que não foi feita nem no interesse das populações dos actuais PALOP’s nem nos interesses de Portugal. E continuando por aí fora. Agora, o balanço geral é amplamente positivo. Eu acho que nós nos devemos orgulhar do País que somos e, no fundo, de ser portugueses. Eu sinto-me muito orgulhoso de ser português. E é português que eu gosto de ser e é português que eu quero ficar. Quero acabar agradecendo muito este convite, felicitando-vos pelas vossas perguntas. Várias delas dariam para conferências. E eu tive de ser muito resumido nas minhas respostas. Dizendo-vos que não fiz qualquer sacrifício de aqui vir. Tive algumas dificuldades de encaixar mas vim aqui com muito prazer e desejando-vos a todos as maiores felicidades e desejando que a vossa geração, a tal geração que tem mesmo de ir para a frente, seja triunfadora e que contam comigo para aquilo de que necessitarem. Muito obrigado e até breve. (PALMAS). Muito obrigado. (PALMAS)

Vozes

PSD, PSD, PSD, PSD

 

Jorge Nuno Sá – Presidente da JSD

Em nome da Universidade, e do Director Carlos Coelho, uma pequena recordação e também todos os jornais que têm sido publicados até agora na Universidade e uma recordação da Câmara Municipal.

 

Francisco Pinto Balsemão

Óptimo. Obrigadíssimo.